domingo, 28 de dezembro de 2014

A minha esperança devia morrer

A minha esperança devia morrer
porque dela brota a saudade
vagueando pela cidade,
cambaleando de ser.

A minha esperança devia morrer
porque dela resplandece o caos,
pensamentos bons e pensamentos maus,
motivos para desaparecer.

A minha esperança devia morrer
porque nada é mais ela do que estapafúrdia,
vivendo escondida numa penumbra de fúria,
surgindo triste para fazer doer.

A minha esperança devia morrer
porque gravou o teu nome a permanente,
e fico com o coração dormente
por saber que não te mais vou ver.

Que nunca te irei ter...
Deixem a minha esperança morrer!


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

só me resta pensar

Pisei novamente no teu rosto
e tropecei na saudade
que outrora estava arrefecida.
Encontrar-me mas estar perdida
é flutuar num rio bravo
que me desmonta na cascata.
Submersa penso esquecer
o que o pensamento incessantemente me relembra,
porém o sonho é apenas uma realidade encarapuçada. 
E com a alma queimada
sugo a água que me entope os brônquios.
Já não respiro involuntariamente,
respiro porque penso em respirar...
e nem sabes o quanto custa pensar.
Por isso me deixara levar...
mas a dor relembra-me
que nada mais me resta agora
senão mesmo pensar.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

beira-mar

Se o mar te trouxesse até mim,
eterna seria a minha gratidão.
Vestido de onda,
suspirando maresia,
alma lavada,
nova harmonia.

Sem deixares de ser tu,
com os teus sorrisos breves
e os teus devaneios fulminantes.
Pintar de tom mais esverdeado
esses teus olhos flamejantes.

Trazido até mim
sem quaisquer utopias ou odisseias.
Como um Ulisses,
abstraído de impropérios cantos de sereias.

Ser por mim que anseias
entre soluços de saudade
e carências de apego.
De muito se queixa a realidade
quando a fantasias me emprego.

O mar gela-me a garganta
e tu meu coração;
são os meus olhos quem canta
por meio de inundação.
E geme nesta caneta toda a minha pulsação.

Mas o mar não te traz
e tarda o sol se põe;
a tua imagem é-me fugaz
e não sei o que foi.
Se o tempo,
a verdade,
a história,
a alegria...
Como se houvesse
ainda um pouco do que havia.






sexta-feira, 28 de novembro de 2014

última vez

Foi a última vez. E confesso que nunca uma última vez fora tão boa, de tal maneira, que mais parecia que não ia acabar, que mais uma ocasião surgiria com o propósito de superar. Mas nada do que é bom é real e constante, pelo menos assim tenho aprendido, por isso é que fui muito idiota em supor uma próxima. (Ia agora usar o cliché “o que é bom acaba depressa” mas já toda a gente sabe). Quando algo está para findar, normalmente tudo entra em decadência, percebe-se. Desta vez não. Havia tudo para dar certo, para correr minimamente bem... Mas foi a última vez e nunca uma me havia sabido tão bem. Oh, sabes bem que estou a falar de ti. Deste o ar da tua graça, vendaste-me os olhos e lá aceitei eu jogar à cabra-cega, enquanto planeavas a tua despedida. Que despedida? O teu desaparecimento.
Eu não quis, mas ao não querer gostar acabei gostando mesmo. Até já as nuvens choram por mim, desenhando um autêntico dilúvio. Lembro-me de ti a toda a hora. O meu pensamento banha-se na tua presença, o que me incomoda imenso, visto que o meu coração está cada vez mais gelado. A grade que separa o amor do ódio é realmente ténue e a minha parece já ter-se apagado de vez.
Juro-te que repetia uma vez mais a última vez. Gostava mesmo de ti, com todos os teus defeitos. Agora és das pessoas que mais dispenso e detesto.
Por mais que queira não posso
Esperar. Dói de qualquer maneira querer
Retribuir algo de que são incapazes de te dar, enquanto
Ofereceste aquilo que mais querias guardar.

Não me arrancaste só o coração sem saber. Certas palavras só o silêncio é capaz de dizer.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Mea culpa

Dou por mim a lamentar algo findado que nem sequer tinha começado. Paro o olhar no horizonte e consigo claramente pensar em vazio. Se não é em ti que penso, o meu pensamento é um desenho de quatro paredes sem qualquer saída de uma densa escuridão, que se entrelaça por um calor imaginário, nevoeiro quente nascido de um pecado carnal. Nem mesmo a cruz ao peito me salva... não me resgata da tentação que são as tuas mãos, o teu olhar, a tua boca, tu... E depois da uma plena satisfação que é viver o momento, aquele momento, o presente acelerado pelo tempo... vem o peso abafador do futuro, os remorsos, o medo. Mea culpa. Porque não consigo eu dizer-te não, se não fores tu a dizê-lo. E agradeço por te afastares, pois isso faz-me bem. Faz-me bem não te ter por perto. Faz-me bem não te ter frente-a-frente. Apenas fica em pensamento a sensação e a imagem de te morder os lábios, de sentir a tua chama na minha pele e de ouvir o ofegante palpitar do meu coração. Não te consigo dizer não. E se o disseres a mim, vou tentar seduzir-te de todas as maneiras, e acredito que com sucesso. Mas não posso. És a pior coisa que alguma vez tive, mas não como queria mesmo ter.
Como posso lamentar ter perdido algo que nunca cheguei a ter? Como posso ter esquecido a dor que é perder? Quando não quero pensar em vão, penso em ti e imagino todos os filmes realizados e realizáveis irrealizáveis.  Com um nó na garganta digo, (só) agora, que não te quero ver mais, nem te tocar mais. És um mal que quis dominar, mas, enquanto pecado, só me deixei levar. E não posso ceder à tentação. Mea culpa... como me custa dizer-te não.

domingo, 9 de novembro de 2014

Silentio

O silêncio é o meu melhor amigo.
É ele quem trago sempre comigo.
É com ele que vivo.
É a resposta a qualquer pergunta 
mesmo que não exista.
Os meus lábios são presas fáceis
mas não se movem.

Dou a mão ao silêncio
porque engulo remorsos,
atiçam cada vez mais este fogo
sanguessuga,
parasita.
Nem banhos de chuva fria
acalmam este furor
desperto, inquieto, perturbado...
que se esconde por entre
nevoeiros cinzas penosos,
olhares desgostosos,
que esboçam falsos sorrisos.

Ressacas de água ardente
que apodrecem o melhor de mim;
uma maresia leve
que se agita solenemente.
Todo o diabo já foi anjo
e toda a guerra já foi paz.
O que mais queremos que não seja,
não deixa de ser fugaz
e o silêncio torna-me mais capaz.
Mas só me engano a mim
quando continuo dizendo sim;
é tão difícil delimitar a distância.

Queria provar, pelo menos um pouco,
que valeu a pena
dar-me de mim;
provar que te podia fazer feliz assim.
Sentir a tua saudade,
a tua decadência
e a tua demência
ao me perderes;
sentires um tanto do que sinto,
servido em prato frio
de silenciosa vingança.

Poeta sofre,
mesmo quando um possa
até nem realmente ser,
mas toda a gente sofre
quando por amor tenta viver.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

apoplexia

se dissesse que te amo
como reagias?
deixavas-me?
não me dizias mais nada?
afastavas-te?
então pouca diferença faz
porque já o fazes.
mas mesmo assim tenho medo.
se pensares que não há qualquer laço
ou sentimento,
qualquer apego 
ou saudade,
vais continuar a querer-me e a olhar-me.
só demonstra o quão fraca sou.
querer ver-te sorrir
pelo prazer que te trago.
gostava de trazer-te mais ainda,
não apenas momentâneo, constante.
eu sei lá se é amor.
o amor é uma doença
indecifrável e indetectável pelos médicos.
há sintomas
mas nem eu própria sou capaz de interpretar.
custa-me admitir que me apeguei a ti,
que gostava de te ver realmente feliz
e de ser esse teu motivo novo de felicidade.
se não o for, não faz mal.
já estou anestesiada. 
digo tão mal do amor 
e falo tanto nele
que talvez seja por isso 
que o meu coração se desgasta. 

domingo, 2 de novembro de 2014

dois do onze

Dia dois de Novembro de 2014. O cÉU vestido de cinza denuncia as suas deteriorações emocionais; revela ao dia a sua frieza e indisposição e chora por entre intervalos de tempo. Apela à ajuda da chuva que bate às janelas por meio de gotas discretas ou enfurecidas. Afasta as nuvens que abrem frinchas de luz, iluminando e chamando a atenção no caminho das pessoas. O céu está doente. Vítima de oscilações de temperatura, demonstra a sua vulnerabilidade em ficar enfermo, com sintomas de febre alta que baixa a pique, resfriado, contínua pirexia. O céu já se vestiu de gala para a noite e para o dia, mas não se sentiu confortado... Adornou-se em tons de azul escuro e diamantes luminosos; dourados quentes e sedutores; brancos suaves e cautelosos; vermelhos vivos e animadores. Já partilhou com todos, alegrias contagiantes e tristezas devastadoras; já demonstrou a sua simpatia e a sua fúria duradouras.
Hoje o céu voltou a ficar triste, de cores neutras e melancólicas. Por meio de uma avidez incontrolável, vive a saudade de algo intocável. Querer algo que sabe que não irá ter; querer viver sem realmente saber como o fazer. O céu é bom, mas nem sempre alguém o nota... com corpo mas sem alma, preso a uma fantasia remota.



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ficarei no meu lugar

Nunca depositaste nada de novo em mim,
nenhuma esperança,
nenhuma promessa,
nenhum compromisso...
mas mostraste-me o teu sorriso
e fizeste-me sorrir.
Despejaste o teu olhar em mim
tão intensamente,
tão vigorosamente,
tão resolutamente,
que foi impossível desviar a atenção
dos meus olhos
e do meu coração.

Tentei ser imune
à tua desintencionada flecha,
ao teu desdém viciante e carinhoso,
aos teus lábios quentes e molhados...
mas não consegui.
O meteorito formou uma cratera
mais profunda do que a noite,
do que o horizonte,
do que a minha intranquila alma.

E quem sou eu
para te querer mais do que desejo?
Quem sou eu
para querer sentir o néctar do teu beijo?
Quem sou?
mero despejo

Não vou chorar,
não vou bramir,
não vou bracejar.
Ficarei no meu lugar.


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Na tempestade

Oh, procurei-te por entre a bruma,
o céu desmontava-se em lágrimas
que me congelavam o cérebro,
tornando todos os meus pensamentos em memórias,
curtas histórias,
que em vez de esquecer
acabavam permanecendo.

Procurei-te nos lugares mais alegres,
mais quentes,
mais cheios de gentes,
mais coloridos e sorridentes...
Até que o caminho se escureceu
e conduziu-me a um vale negro e demente.

Procurei-te tão incessantemente
fora da minha mente,
para ter a certeza que ela não me mente.
A chuva cai forte como aplausos de biliões de pessoas
e ouço os relâmpagos que estremecem as ruas.

Procurei-te entre os vivos 
e agora pelos mortos,
mas o teu nome não se encontra em nenhuma sepultura.
Devia ser esta a altura
Cemitério de Agramonte - Porto
em que te colocava de vez lá dentro,
mas o tempo simplesmente
imortalizou-me o pensamento.
E foi aí que sempre te escondeste.

Procurei-te porque me senti sozinha,
egoistamente, só por companhia.
Se me perguntares se te quero
dir-te-ei imediatamente que sim,
mas amar-te não quero 
por medo de tal.
O amor destrói tudo em que toca.

Procurei -te como sempre procuro
por me fazer passar o tempo,
mas a minha alma hoje está enxuta
e na minha voz está todo o alento,
estou farta de viver escondida neste silêncio.

Procurei-te e gritei quando vi o teu nome,
mas o rosto que sonhei,
o retrato o esconde.
Se  calhar nunca amei,
isso talvez seja verdade,
pois nunca demonstrei
o que sentia na realidade.

A minha procura acabou,
talvez não existas. 
Se algum dia apareceres, 
espero que seja em mim que invistas.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Ninguém vai gostar de ti de verdade... simplesmente porque não (Papel)

Ninguém vai gostar de ti de verdade...
simplesmente porque não.
Gostam porque convém,
porque dá jeito;
por prazeres momentâneos,
por felicidades abstractas e temporárias,
por alheios retratos contemporâneos.
É mais fácil,
dá menos trabalho.
Feliz talvez seria se fosse rocha.
Sem sentimentos,
pensamentos,
lamentos.
Rocha fria que é inquebrável,
porém, sou papel,
que se rasga,
amolece,
enruga.
Um papel incolor, inútil,
rabiscado e todo (a)machucado.

Ninguém vai gostar de ti de verdade... 
simplesmente porque não.
Mas fazem de conta.
Sorrisos, palavras, carinhos...
fingidos.
Acabas por dar uma oportunidade
porque "desta vez pode ser diferente",
mas esqueces-te que o papel és tu
e tu és o mesmo.
E eu sou papel.
Frágil e leve
que acaba sempre nas mãos erradas.
Já me deixei levar pelo vento,
como papel voador,
mas o vento é voraz
e eu não tenho sorte.
Um papel pensador, incapaz, triste.
Já viste algum papel que chora?

Ninguém vai gostar de ti de verdade...
simplesmente porque não.
Papel não ama,
papel não tem coração.
Papel arde com a chama,
papel dissolve em inundação.
E as lágrimas são uma tempestade de emoção.



Porto


domingo, 5 de outubro de 2014

unknown feeling

I would be glad to kiss you
if I could,
but instead I miss you
without cure.
You're a step aside of me
and I kept on my mind
the person I'd be with
would never be you...
because I know it's true...

I try to focuse in every other thing,
but, in my thoughts, you return to me...
sadder is my soul,
heavier is my mind,
and I still keep on control
but minutes are slow...

Why can't I have you other way?
Why can't you stay?
It's all the same game that I play
and love makes me lose you away...
Like a feather with no name.
Like an unknow feeling
that I feel everyday.

Why can't I have you other way?
And why can't you just stay?
With me...
truly...


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

28 versos

Acordei sem saída,
sem sequer ter achado a entrada;
de mente despida,
de alma frustrada.
Espelhos partidos
prometendo azar,
sonhos perdidos
sem pernas pr' andar.
Noites cansadas
de insónias bravas
que se revelam em fins de madrugadas
longe de contos de fadas.
Ignorância resoluta
com dor absoluta
que o sorriso oculta,
sem nunca se cansar.
Vivo dentro duma casota,
presa a uma rotina remota
à felicidade firme e constante.
Acrescentando uma saudade ofegante
que me desprende de avante
de todos os realismos.
Uma dança insólita
que me deixa alcoólica
de prazeres momentâneos. 
Um olhar frio e escondido
que vive ferido
da sua própria sentença.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Onde foi ela?

Ela sorria tanto. Ria com tudo. Os olhos brilhavam humildemente sem hesitar. A sua pele tinha uma lividez facilmente sentida à distância. Os cabelos dominavam o vento numa dança contemporânea. A voz era docemente trémula. Ela cheirava a Primavera. Admiradora do céu em todas as fases, de todas as cores, maneiras e formas. O seu calor tocava a todos. A sua simplicidade humilhava a extravagância. Alma festeira, bola de espelhos omnifulgente. Miragem. Coragem. Força. Alegria. Esperança. Fantasia. Música vibrante. Corpo dançante. Bondade cintilante. Era ela.
Mas o tempo rebobinava e avançava sem cessar. Ela ficava sozinha. O sorriso desvanecido em nevoeiro. O olhar cristalizado e triste. A pele áspera e irritada. Os cabelos encarapinhados, embaraçados e chateados. A voz fraca resfriada. Inodora. Amnésia parcial. Enregelada. Incolor. Alma fugitiva. Desaparecida. Cobarde. Fraca. Infeliz. Desesperança. Ilusão. Mudez. Invalidez. Arrogância. Onde foi ela?

Podias sim

Podias beijar-me 
esta noite, meu amor.
Deixar-me saciada de ti.
Deixar-me completa de mim.
Limpar-me as gotas de orvalho
que escorregam no meu rosto.

Podias abraçar-me
esta noite, meu amor.
Mostrar-me o céu a nu.
Mostrar-me o bosque proibido.
Levar-me a um mundo meu
desconhecido.

Podias agarrar-me
esta noite, meu amor.
Revelar-me o segredo dos teus olhos.
Revelar-me o sabor da tua língua.
Libertar-me das angústias
e desgostos que embucho.

Podias ser meu 
todas as noites, meu amor.
Deixar-me ser tua e tu meu.
Mostrar-me que o amor não é só breu.
Revelar-me na tua vida 
de forma imortal.

domingo, 14 de setembro de 2014

Sem rumo

Sem rumo,
sem destino,
assim me sinto...
Olhar o futuro e não ver o caminho,
olhar o espelho e não ver o figurino,
caminhar na multidão e estar sozinho.
Ter imensas direcções e não ter nenhuma,
saber o que não se gosta
e não encontrar gosto para nada mais...
Estar perdida e de bússola na mão,
cujo ponteiro gira sem opção.
De tristeza ao peito
e no rosto ilusões;
sem vontade,
só meras tentações...
Frases que acabam em pontos de interrogação,
ferida côncava no meio do coração...
Um fôlego de lenta respiração,
estrada em tempos idealizada
sem conhecimento da sua localização.
O tempo corre cada vez mais em vão,
pausa total que gera podridão.
Vozes que gritam na cabeça,
peso nos ombros,
o meu sangue nas mãos.


Ria de Aveiro

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

dois

Dá cada passo devagar
mas vem ter comigo.
Quebra este silêncio.
Olha-me nos olhos,
diz-me o que vês...
a minha alma
ou o teu reflexo?
Não me pareces perplexo.
Dás-me a volta a cabeça
com cada teoria suspensa,
onde está o mapa que traçámos?
Não me deixes em sala de espera,
não posso pedir mais tempo ao tempo
quando de tempo precisar.
O relógio continua
e a terra não pára de girar,
por que razões devo então esperar?


domingo, 31 de agosto de 2014

untitled

I don't know if I could just say goodbye or wait for you to say it. This game is restarting and, like always, you're the expert on playing it. Silence is the mood I choose, forgetfulness and ignoring are the ones you use. And the thing is... I can't express my feelings for you or free my thoughts, they get silenced at your presence and speech, they rise up when you're not near and I'm just with me. It's hard for me to believe you don't understand what's happening. Why do you, even now, still only want to please me instead of making me fully happy?
I understand you want to live your loneliness right now, but I'm sick of mine and my emptiness too. I don't ask for much, but I don't only want your touch. I want you completely. Let me try. It might be worth it for both. Talk to me. Let's rebuild ourselves in communion.
I'll give you time but I also have mine and it won't last much more... 

sábado, 30 de agosto de 2014

a little kind of a poem

I have to say something
that I not should... 
you are the the worst thing 
I've ever wanted
and the only that having I not could.
It's my will,
I want you still...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

saudade

Sinto um pingo de saudade.
Um pingo do tamanho do oceano.
Uma saudade triste,
escrita no silêncio de um piano.

Saudade de te ouvir,
saudade de me fazeres sorrir,
saudade da liberdade
que contigo consigo sentir.
Saudade da casualidade,
saudade do improviso dado ao tempo,
saudade da simplicidade,
de vivermos aquele momento.

Saudade de não ser tua
mas de sentir-me mais tua ainda,
saudade da tua alma nua,
de sentir-me bem-vinda.
Saudade de não amar
e de não sentir saudade,
saudade de me esquivar 
à normal seriedade.

Saudade do que nada temos
mas que, sem querer, acabo querendo.
Saudade de morrer de sentimentos
e continuar vivendo.
Saudade de ser imune
e resistir por dentro,
mas a carne assume
e o fogo arde,
sumindo o alento.

Saudade que ingrata e fraca que és
que me cais aos pés...
A porta está aberta,
por favor, sai de vez.



ponto final

Por vezes é difícil usar o ponto final. Colocá-lo de vez e pronto. Aí está ele. Pequeno, firme, mas de enorme tamanho. Um 'sim' é sempre um 'sim', porém um 'não' é sempre questionável; é construída uma montanha-russa em sua volta quando o que queremos é chegar a um 'sim'. Podem até ter sido ditos cinquenta 'nãos' mas um 'sim'... é sempre um 'sim'. O ponto final é fácil de colocar quando escrevemos, ora ali está ele fixo no teclado, ou, ora ali está ele na ponta da nossa esferográfica. Porém, o ponto final, quando usado na nossa vida, é bem mais difícil. Vestimo-lo de vírgulas, reticências, ponto e vírgulas, pontos de interrogação, exclamação... o que seja, mas raramente o usamos de verdade, quando nos envolvemos pela insegurança, pelo medo, por tanta coisa que, por ser tanta, às vezes nem é nada. Nada dura para sempre. Temos que saber como e quando usar o ponto final. Por vezes é inevitável e, por ser inevitável, confundimo-lo com adiável (talvez pela sua paronímia ou consonância). A seguir a um ponto final pode vir um parágrafo, uma nova história, novas palavras... E quem melhor para o contar senão nós próprios? Contudo, é tão difícil terminar algo que até nos fazia bem mas que, de já tão remendado, acaba por não ter conserto. Há que saber distinguir sucata do que é reparável. E há que saber usar pontos finais quando a restante pontuação não é mais a viável; quando a ganga não é mais emendável... quando o ponto final deixa de ser questionável.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

um

Despedi-me do teu inferno
como se desejasse 
que o teu fogo
nunca mais me tocasse.
Vesti-me de um rigoroso inverno
como se um escudo de gelo
de tudo me protegesse.
Cuspi cada palavra azeda,
para que sentisses,
de vez,
os pormenores de uma página manchada.
Apaguei uma-a-uma labareda,
de modo a enjaular-te
na tua lúgrebe alma penada.
Desmantelei cada minuto murcho
e atirei-os ao mar bravo
que me inunda 
e me sufoca de salinidade.
Fui por atalhos à procura da felicidade,
mas é nos caminhos mais duros
e cegos
que se encontra ela de verdade.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Adeus"

Quis dizer-te “adeus”,
mas não é longe que quero que estejas.
Denominei-te insignificância
e não é isso que quero que sejas.

O teu olhar fraqueja o meu ser,
sinto ter perdido algo que nem cheguei a ter.

A fugacidade com que se movem os teus lábios
deixam a minha vida,
cada vez mais,
em câmara lenta.

A cada simples despedida tua,
todo o meu ser se despe de cor.
O sangue que corre se congela e seca,
um nervosismo que se desperta em suor.

A minha voz em constante vibrato,
um pianíssimo desprovido de musicalidade.
Um compasso completamente insensato,
numa avaliação sem qualquer equidade.

Nunca te disse “adeus”
por achar despedida permanente.
Como me pareço ter perdido no tempo.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

de que...

De que serve a palavra 'liberdade'
se não a consigo viver?
De que serve ter asas
se o mundo não posso ver?
De que serve dizer que se ama
se não se tem confiança?
De que serve proteger
se o sentimento é de vingança?
De que serve ter a chave 
se a porta é inexistente?
De que serve sorrir
se tudo é aparente?
De que serve sonhar
se a sesta finda?

De que serve seres tu
se não sabes quem és ainda...


Porto

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O abismo

Entrei novamente
no labirinto que és tu.
Cada pegada invisível dançante,
invocada por um chamamento oculto,
que só eu sinto.
O meu coração faminto
do teu encanto,
dos teus retoques amorosos
que me aprisionam pela brisa
que recua, indecisa,
entre alfa e ómega.
Tropeço em cada pequena pedra,
em cada deficiência
que surge sem tal aparência.
Vivo nesta demência...
entrando constantemente em labirintos,
mesmo quando a sinalização
apresenta vários perigos.

O abismo.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ao encontro

Foi o primeiro passo da manhã. A areia estava fria e o sol era forte, apesar de ainda pálido. As ondas batiam, resolutas, nas rochas e a espuma cobria-as da baixa temperatura do mar. Sentei-me na última rocha que havia na ponta do paredão, comigo na minha mente e com uma margarida na mão. Comecei a contar cada pétala daquela flor, não me parecia certo dar um número ímpar, simplesmente não parecia certo... Tirei o meu chapéu da cabeça e pousei cada pétala, à medida que as voltava a contar, dentro dele. O número era par. E, agora, não parecia certo ser número par quando já me tinha conformado do contrário... mas se realmente me tivesse conformado porque haveria de voltar a contar? Nada naquele dia parecia certo. A praia deserta, o mar gelado, a rocha quente, o sol forte pálido, a minha blusa branca com uma pequena mancha de chocolate bem ao lado de um pequeno botão e, à medida que o meu olhar se concentrava nele, mais ficava o pequeno botão preso por um fio... Eu também estava assim: presa por um fio. Como uma marioneta tonta. Nada parecia certo. Não costumo usar chapéu, não costumo beber chocolate quente pela manhã, não costumo ir para a praia apenas porque me apetecera. Não sei o que fazia ali, na última rocha que havia na ponta do paredão, uma rocha solta e trémula, cinzenta e suja. Era bem cedo de manhã e seria normal achar normal que fosse normal a praia estar deserta. Apenas um bando de gaivotas no meio da areia, uma multidão de cabelos esvoaçantes na última rocha que havia na ponta do paredão, uma maresia fria. É normal ser-se normal? Ter que se ser normal? Ter que se mostrar normal? E... o que é mesmo a normalidade?

Bem ao longe e ao de leve comecei a ouvir um piano feliz, e os meus pensamentos, esses que tão miúdos, desequilibrados e infelizes eram. E levantei-me. Segui a passos largos aquela melodia que ouvia. Voltei para trás para buscar o chapéu e coloquei-o espontaneamente na cabeça, sem me lembrar sequer de sacudir as pétalas que lá estavam dentro. Fui à procura da melodia que parecia mesmo chamar-me desesperadamente. Podia até ser estranho ser apenas eu a ouvi-la, porém, a praia continuava deserta e, a certa altura, quando a melodia se tornara mais audível, as gaivotas começaram a agitar-se, assim também como o mar. Mas continuava a parecer que era apenas eu ali e a única a ouvir aquele piano. Quando dei por mim estava num beco escuro e ouvia claramente a mesma música. O meu coração batia forte, talvez por medo, talvez por tão bela melodia, talvez apenas por ter feito aquele percurso rapidamente. Por trás desse piano estava um velho. Barbas cinzentas e longas. Olhar melancólico sobre as teclas daquele piano castanho, antigo e rachado. Unhas sujas e todas mal cortadas. E era como se o dia se tivesse encontrado com a noite. O sol com a lua. Pois eu trazia um ar jovem, inocente, limpo. E ele era velho e enrugado. No entanto, tocava uma melodia que soava a Primavera, a jovialidade e a recordação. Fiquei a ouvi-lo durante algum tempo, especada a olhar para ele como se nem estivesse ali. Até que ele parou e, sem olhar para mim, me perguntou "Gostaste?". Engoli em seco. Não estava à espera que ele me fosse pedir a opinião do que tinha ouvido. "Sim", disse eu, "segui a melodia desde a praia até aqui". "Todos os dias, todas as manhãs, toco a mesmo música, neste mesmo local, sempre da mesma maneira, até que ela apareça novamente". "Ela quem?", perguntei eu, receosa de estar a fazer perguntas a mais. "Numa brisa do mar, num raio de sol, numa gota de chuva, num sorriso de uma criança, num olhar de um idoso... Estou à espera que a fé volte. Porque ela foi embora quando o meu coração também se foi". "Às vezes não são as rotinas que nos trazem de volta o que de melhor tivemos. Se calhar é a normalidade, em que nos refugiamos, que nos retira todos os nossos privilégios, sonhos e características. Todos os dias praticas a mesma rotina, talvez seja a altura de subires ao rochedo e procurares tu os outros para que não seja a fé a encontrar-te, mas sim tu a encontrá-la."

No dia seguinte voltei à mesma praia e uma multidão concentrava-se à volta de uma parte do paredão. O piano velho reluzia e os olhos do homem procuravam o futuro. 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

absoluto

Não existe silêncio absoluto.
Há sempre algo,
por mais pequeno e insignificante que seja.
Um relógio.
O vento.
Um portão ferrugento.
O batimento cardíaco.
O próprio pensamento.
A madeira da escada que estala.
Os travões desafinados de uma bicicleta.
O canto leve do pássaro no ninho.
Nem o sono é vivido em silêncio pleno.

Será que existirá o dia
em que vivamos em absoluto silêncio

sem pontos finais


tudo suspenso

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Perdão

Já faz um tempo
que perdi o meu conceito.
A minha voz desvaneceu,
mas quem sou eu?,
Onde estou?

Há uma ferida que dói,
sem qualquer localização,
tal como a minha alma
que anda à deriva no oceano.

Fecha-se o pano,
a porta,
a janela,
e fecho-me em mim.
Soam, esmagadores, todos os segundos surdos
dentro da minha cabeça.
Cada gesto tornou-se doença,
cada suspiro
um calafrio intenso
que fica suspenso
numa forca nascida da escuridão.

É tudo vão,
foi tudo em vão.

Perdão.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

mundo

O mundo está repleto de cores e sabores,
de ódios e rancores,
de histórias em tempos vividas.

Imensas folhas caídas,
almas vendidas,
raios que rompem o céu.

Cérebros de minimeu,
palavras que um dia alguém perdeu,
dias mais escuros do que a noite.

Chicotes que são açoite,
fazendo surgir afoite
o grito de uma criança.

Corações presos numa lança
que se esperneiam em dança,
batimentos que se quebram de ritmo.

O mundo preso por um estreito istmo,
enfurecido por um núcleo ímpeto,
que se derrete em dor ardente. 

Sabes?

Sabes que sou livre
mesmo quando me aprisionam.
Sabes que grito
mesmo quando estou em silêncio.
Sabes que te procuro
mesmo quando te ignoro.
Sabes que te quero
mesmo quando fraquejo.
Sabes que o que quero é ficar
mesmo quando fujo.
Sabes quem sou.
Sabes?

terça-feira, 24 de junho de 2014

cobiça

sabias bem mais do que o meu nome.
sabias de cor o nome do meu perfume,
as primeiras letras que te mostrei.
desde o primeiro momento te despertei.

sabias como me chamar a atenção.
sabias a que coisas dizia 'não',
como me fazer rir.
desde o primeiro momento fiz-te sorrir.

sabias como era o meu estilo de roupa.
sabias que de manhã tinha a voz rouca,
como detestava me maquilhar.
desde o primeiro momento percebeste o meu medo em amar.

sabias que no fundo era frágil.
sabias que demonstrava apenas ser ágil,
havia tanto em mim por conhecer.
desde o primeiro momento me quiseste entender.

sabias que olhava contra o teu olhar.
sabias que era propositado cada cruzar,
querias ter cada vez mais de mim.
desde o primeiro momento me quiseste arrancar um 'sim'.

sabias que não era tarefa árdua.
sabias que não merecia mágoa,
era tão simples soltar-me um sorriso.
desde o primeiro momento sentiste-te indeciso.

sabias que me mostraria sempre dura.
sabias que tinha em mim um espírito de aventura,
querias que fosse certo o que estava errado.
desde o primeiro momento fiz-te querer cometer pecado.



sabias bem mais que qualquer outra pessoa.
sabias perfeitamente o que mais me magoa,
mesmo assim continuaste com alento.

como já quis que não tivesse existido esse primeiro momento.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

I

Talvez seja uma pessoa frágil. Talvez quanto mais queira fugir à voz do meu coração, mais acabo por me entregar a ele. Talvez seja emotiva. Talvez, afinal, sim, queira envolver-me no amor, no carinho, em sentimentos verdadeiros. Mas tudo me magoa, até as próprias nuvens que decidem esconder o sol após um belo dia solarengo e caloroso. As palavras significam tanto para mim. Talvez me envolva demasiado no conforto delas, quando é conforto que elas me proporcionam. Talvez, talvez. Sou uma pessoa indecisa comigo própria, por vezes, pelo simples facto de não querer correr o risco de surpreender alguém pela negativa. Como me preocupo com isso... Não com as aparências, mas com o que vão ver de mim. Não quero que percebam, muito menos que saibam, que sou frágil, sentimentalista, romantista, sensível, incompleta ou indecisa. Quero dar a face da robustez porque não quero que se preocupem comigo, mas também não quero que me deixem. E já me deixaram à fronteira do abismo, quero eu dizer, pediram-me licença para me vendar os olhos e eu até fiz o favor em me oferecer para tal. Somos todos uma cambada de estúpidos, hipócritas, egoístas e truncados. Quanto mais esmolas damos ao pobre mendigo, mais estamos a preencher o nosso ego. Fazemos questão de partilharmos os nossos actos de “serviço público”. Mas muito bem que o fazemos, escusado será coroarmo-nos e idolatrarmo-nos. Quem será mais hipócrita? O que acusa o outro de ser hipócrita ou o que se comporta como tal? Quem será mais egoísta? Aquele que começa por desabafar o que lhe vai na alma ou que acaba por se abrigar nos pecados da sociedade? Ah não, não. Essa sou simplesmente eu. Dou por mim a gargalhar comigo própria; parto côcos à fartazana nesta rotina minha. É engraçado como consigo sentir-me uma moeda de um cêntimo e, de um momento para o outro, a rainha de Inglaterra. Uma apoplexia rotineira. Um paradoxo ordinário. Um eterno dicionário da língua e da gíria portuguesa. Foda-se como custa ambicionar tanto e cansar-me logo disso. Já fui rapariga de traçar imensas metas e não descansar até as alcançar, mas acho que o futuro acabou por me cortar de rente a crista. Caralho, já comecei a culpar o futuro, o gajo nem espírito deve ter! E se tivesse, já se teria enforcado há bastante tempo. Tornei-me numa grande insurrecta. A tentar escrever uma coisa tão bonita e acabo por praguejar. Eis o meu espelho. Eis Lúcifer apresentado: metade anjo, metade diabo. E que mais tenho eu a dizer sobre isto? Não sei. Dou este labirinto por terminado.
Talvez feche para obras.

sábado, 7 de junho de 2014

Doomed

My lips were doomed into your hands,
no one understands:
how much I cared about you care,
how I dared about all dare.
How much I missed you missing me,
how I kissed without kissing.
How much I forgot the unforgotten,
how I thought the unthinkable.

Can I be who I want?
I don't only want to be who I can be.
And being is so unfair
when loneliness is the left thing to share.
I thought I was prepared
but now I think this is not complete.
Do you admit?
Leaving me naked in myself
with no one else
besides me.