segunda-feira, 7 de março de 2016

VII/III

Que vida tacanha
que tanto me estranha
não saber de quem é.
Há tanta manha
que a dor na entranha
fica a doer a valer.
Não há quem me tenha
mas sempre que cá venha
valerá a pena.
E daqui ninguém ganha
só se for uma senha
para desaparecer.

Ainda não disse "não"
disse agora e então
que vai acontecer?
Rebelde que leva sermão
reconhece o senão
de vir a perder.
Fugir da podridão
é encontrar a solidão
mas acabar por ganhar.
Se a conquista não é intenção
por que continua o porão
recheado de prazer?

Que de toda a façanha 
não incomode um coração
que chora sem se saber.

sexta-feira, 4 de março de 2016

I feel blue, baby

Oh I feel so blue baby,
can't you bring me home tonight?
Take me slowly and come with me,
then we'll make love like we never did before.
I feel so blue baby,
left alone behind the door.

Oh I feel so blue baby,
why don't you come home tonight?
the turntable is playing
while I'm crying without knowing how.
And I feel so blue baby,
my life seems upside down.

Oh I feel so blue baby
but blues comfort me now,
you don't come over darling,
you don't talk to me no more.
Oh I still wanna make love to you baby,
but blues brought me back to the shore.

Oh I feel so blue baby
and blues know how,
undress me with your guitar
or I promise I'll leave the town.
I thought you would love me the morning after
but blues always bring the truth into my eyes.

Oh I feel so blue baby,
I don't wanna feel it anymore.
Why don't you love me the morning after
like you loved me the night before?

Vento gozão

Os chuviscos vestiram-se de tempestade. 
E o vento, jactancioso,
uiva pela cidade.
É tão tenebroso,
é tão ígnea a sua voz,
que por cada vez que cantam os sinos,
volta a enfurecer-se, atroz.
Queres derrubar árvores,
abanar multidões,
agitar corações,
ser um lembrete constante?
Não há que ter medo de ti,
vento ofegante.
Os teus gritos inoportunos
não são destreza,
só mera demência.
Não é quem grita mais alto
detentor de toda a retórica,
nem da omnisciência.