segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Preso a esse barco

Não quero que partas,
mas deixas-me partir...
Tinha tanto para te dar,
tão pouco para te pedir.
Mas não largas as cordas que te prendem,
as amarras que te agarram,
as correntes que te sufocam.
E eu dei-te a navalha dessas cordas,
as mãos para essas amarras,
a chave dessas correntes.
Continuas preso a esse barco,
ao tempo que não existe.
E eu não posso persistir,
pois a mim não me competem
as perícias do tempo.
Sopra o vento,
ondula o mar,
desprendo-me de ti.
Zelo para que te desprendas desse olhar.