domingo, 28 de dezembro de 2014

A minha esperança devia morrer

A minha esperança devia morrer
porque dela brota a saudade
vagueando pela cidade,
cambaleando de ser.

A minha esperança devia morrer
porque dela resplandece o caos,
pensamentos bons e pensamentos maus,
motivos para desaparecer.

A minha esperança devia morrer
porque nada é mais ela do que estapafúrdia,
vivendo escondida numa penumbra de fúria,
surgindo triste para fazer doer.

A minha esperança devia morrer
porque gravou o teu nome a permanente,
e fico com o coração dormente
por saber que não te mais vou ver.

Que nunca te irei ter...
Deixem a minha esperança morrer!


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

só me resta pensar

Pisei novamente no teu rosto
e tropecei na saudade
que outrora estava arrefecida.
Encontrar-me mas estar perdida
é flutuar num rio bravo
que me desmonta na cascata.
Submersa penso esquecer
o que o pensamento incessantemente me relembra,
porém o sonho é apenas uma realidade encarapuçada. 
E com a alma queimada
sugo a água que me entope os brônquios.
Já não respiro involuntariamente,
respiro porque penso em respirar...
e nem sabes o quanto custa pensar.
Por isso me deixara levar...
mas a dor relembra-me
que nada mais me resta agora
senão mesmo pensar.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

beira-mar

Se o mar te trouxesse até mim,
eterna seria a minha gratidão.
Vestido de onda,
suspirando maresia,
alma lavada,
nova harmonia.

Sem deixares de ser tu,
com os teus sorrisos breves
e os teus devaneios fulminantes.
Pintar de tom mais esverdeado
esses teus olhos flamejantes.

Trazido até mim
sem quaisquer utopias ou odisseias.
Como um Ulisses,
abstraído de impropérios cantos de sereias.

Ser por mim que anseias
entre soluços de saudade
e carências de apego.
De muito se queixa a realidade
quando a fantasias me emprego.

O mar gela-me a garganta
e tu meu coração;
são os meus olhos quem canta
por meio de inundação.
E geme nesta caneta toda a minha pulsação.

Mas o mar não te traz
e tarda o sol se põe;
a tua imagem é-me fugaz
e não sei o que foi.
Se o tempo,
a verdade,
a história,
a alegria...
Como se houvesse
ainda um pouco do que havia.