quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

não poder

Não sei denominar este ardor que há em mim,
ver-te tão perto, a meu lado
e não te poder tocar;
sentir o teu perfume, o teu calor
e não te poder beijar...

Correm lágrimas pela minha face
ao ritmo da chuva que cai lá fora...
Gostava até de me poder ir embora,
ir para um lugar onde te encontrasse.

Ouço a tua voz na minha vazia alma,
que, desassossegada se agita,
perdeu a calma...

De que serve dizer
que sou feliz numa vida,
onde apenas te posso avistar, ouvir, imaginar,
sem poder estar na tua guarida?

Sinto fraqueza
por saltar tantos muros altos
que se apresentam pela minha estrada...
Esta, repleta de gastos socalcos,
de lágrimas e de crateras:
uma calçada jovem e com história,
no entanto com a triste memória
de doer tanto amar
e ser amada.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Antes de adormecer

A minha alma é inocente,
dou a mão a quem apenas oferece um sorriso
e sou até mesmo capaz de dar o meu coração
a quem menos fez por isso.

Ingenuidade não é algo positivo,
simplesmente acredito nas pessoas,
mas cada vez que faço isso...
mais chicotadas levo no meu peito.

É talvez isto meu defeito,
mas, por mais que se deseje,
a perfeição é inalcançável.
Por isso, deixo-me reduzir à minha personalidade,
lamentando-me sempre que me veja.

E é talvez egoísta da minha parte
não aceitar as coisas como são,
mas a cada vez que elevo a razão
supera simplesmente a verdade.

Devo elevar sempre os sentimentos de poeta?
Ou deveria eu encarnar a ataraxia?
Não sei sequer se poeta (ainda) sou,
vivo apenas do meu nome,
vivo apenas de uma alma vazia.

Múltiplas almas, diversos corações.
Quero ser tudo e acabo por ser nada...
E após filosofar durante um bom bocado,
acabo por perceber que o meu ser
é apenas de humano.