segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Tempo Perdido

Esqueci.
Pensei ter esquecido.
Pensamento que se revelou
tempo,
perdido.

Venci.
E esta dor pensei ter vencido.
Mas foi isto que escolhi,
e é isto que mais custa.

Fica.
Foram as palavras que ditei.
Nesse momento já a surdez vociferava.
A tua surdez.
Pois a minha voz, silenciosa, gritava.

Livre.
Se é isto liberdade, preferia estar presa.
Aconchegada na tua pele quente,
no ar que contigo respirava.

Lamento.
Apenas por não ter parado o tempo.
Para poder respirar contigo um pouco mais,
para sentir contigo o vento,
para viver aprisionada,
no amor,
nesse alento.

Não esqueci,
não venci.
Mas fico livre.
E lamento as minhas asas
estarem ainda desnorteadas.
Mas a bússola é o tempo
e o mapa é o futuro.
E vem o tudo,
depois do nada.









terça-feira, 11 de junho de 2013

(Des)esperança

Não gosto da esperança,
não gosto de a sentir...
Faz-me acreditar nas coisas,
Que acabam por nunca acontecer.
Fazem-me perder:
Tempo,
Paciência
E estoicismos;
E fazem-me ver as coisas 
De forma optimista,
Quando sei que nunca o são.

Esperança só mesmo a de esquecer,
Ou, pelo menos de deixar de lado
O que poderia voltar a acontecer,
E já não acontecia, nem pode!
Os meus desejos adoram vestir
O verde da esperança,
Mas eles são meramente efémeros,
Irreais, inaceitáveis, transcendentes.

Tudo está bem assim
E é o bem que quero para mim.
As coisas têm o valor 
Que lhes dou,
E a algumas delas dou demasiado valor.

O sol não precisa de se 
Erguer no céu para brilhar,
Mesmo nos dias mais cinzentos
Ele está lá para nos iluminar.
E não precisas de estar à minha frente
Para seres algo presente,
Porque dentro de mim
Há sempre para ti um lugar.

Ó esperança, que louca que és
Por estares presente de todos os feitios
E em todos os lugares;
Por te ver no voo das andorinhas
E no sabor dos ares;
Por todos te quererem 
E eu te negar,
pois é mais fácil desistir 
Do que lutar...

Mas é assim que tudo deve ficar.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vai


Achava perfeito
e que não te ia perder
mas a verdade, eu não minto,
não te consigo esquecer.

Passam minutos, dias, horas,
e a esperança sem morrer,
descubro que já namoras
e a minha alma começa a desvanecer.

E vejo o teu sorriso
que é o que eu preciso
para seguir em frente,
sei que já não estás indeciso,
nem eu na tua mente.
Mas,
o sentimento não morre,
permanece;
enquanto olhas para mim
e só dizes "desaparece".

A alma dói
e o que sinto não se vai embora;
imagino-te com ela
e o meu coração só chora.

Pareço forte, mas acabo sempre por cair,
sou ser humano
ninguém me criou para nunca partir.
E é verdade, és a minha gama de eleição,
porque depois de tanta porcaria
ocupas um lugar no meu coração.

Mas a "verdade" é que quem precisa
de crescer sou eu,
por ter amado tanto algo
que supostamente era só meu.
E só resta a mágoa,
de não te ter aqui comigo
e de ainda ter que tratar-te como um amigo.

Mas deixa, fica bem,
não tens culpa de não
teres amado suficientemente alguém.
A verdade, tudo muda e
nada mesmo é para sempre,
"as melhores coisas
são as que acontecem de repente".
E assim será contigo,
consigo prever,
mas fica complicado,
por mais que queira,
ter ainda que te ver.

Cuida lá bem dela e cuida bem de ti,
que eu agora terei todo
este tempo só para mim.

Honesta, mas não na totalidade,
mas é a educação que me torna
numa mulher de verdade.

E agora sim, por aqui vou ficar,
o meu caminho é agora;
é me amar.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

não poder

Não sei denominar este ardor que há em mim,
ver-te tão perto, a meu lado
e não te poder tocar;
sentir o teu perfume, o teu calor
e não te poder beijar...

Correm lágrimas pela minha face
ao ritmo da chuva que cai lá fora...
Gostava até de me poder ir embora,
ir para um lugar onde te encontrasse.

Ouço a tua voz na minha vazia alma,
que, desassossegada se agita,
perdeu a calma...

De que serve dizer
que sou feliz numa vida,
onde apenas te posso avistar, ouvir, imaginar,
sem poder estar na tua guarida?

Sinto fraqueza
por saltar tantos muros altos
que se apresentam pela minha estrada...
Esta, repleta de gastos socalcos,
de lágrimas e de crateras:
uma calçada jovem e com história,
no entanto com a triste memória
de doer tanto amar
e ser amada.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Antes de adormecer

A minha alma é inocente,
dou a mão a quem apenas oferece um sorriso
e sou até mesmo capaz de dar o meu coração
a quem menos fez por isso.

Ingenuidade não é algo positivo,
simplesmente acredito nas pessoas,
mas cada vez que faço isso...
mais chicotadas levo no meu peito.

É talvez isto meu defeito,
mas, por mais que se deseje,
a perfeição é inalcançável.
Por isso, deixo-me reduzir à minha personalidade,
lamentando-me sempre que me veja.

E é talvez egoísta da minha parte
não aceitar as coisas como são,
mas a cada vez que elevo a razão
supera simplesmente a verdade.

Devo elevar sempre os sentimentos de poeta?
Ou deveria eu encarnar a ataraxia?
Não sei sequer se poeta (ainda) sou,
vivo apenas do meu nome,
vivo apenas de uma alma vazia.

Múltiplas almas, diversos corações.
Quero ser tudo e acabo por ser nada...
E após filosofar durante um bom bocado,
acabo por perceber que o meu ser
é apenas de humano.