segunda-feira, 3 de setembro de 2012

pesadelo

Nunca deixei que os meus ouvidos
Ficassem surdos
Nunca deixei que os meus olhos
Ficassem cegos
Nunca deixei que a minha boca
Ficasse muda,
E nunca vou deixar
De te ouvir
De te ver
Nem de te falar.

O meu corpo pertence a um só,
Se és tu? Ninguém saberá
Se sou eu? Nunca mais ninguém me virá.
Por mais que tenham dó
Nunca deixarei de ser quem sou.
Por mais que tenham pena
A minha alma nunca me abandonará.

Sou apenas eu e a minha mágoa então…
Deixaram-me sozinha,
Sem nada para me ajudar
Nem uma única mão
Me puxou para os seus braços,
Nem uma única voz ouvi chamar
O meu nome.

Vou-me esconder para sempre
No teu abismo,
No mais obscuro horizonte,
E só quando houver civismo,
Amor no meu coração,
Quando a guerra acabar,
Quando não ouvir mais nenhuma criança chorar…
Aí sim, mostrarei a minha face ao povo.

Mostrarei quem sou na verdade,
Onde estive,
Onde fui,
Se sempre viva me mantive,
E se chorei ou gritei.

Mas para quê? Se ficaram todos surdos?
Para quê? Se ficaram todos mudos?
E para quê? Se para me libertar,
De todo o mal existente, não havia modos?

Estava bem no meu sítio:
Frio, escuro, sozinho, fechado.
Agora voltei a ver a solidão,
A tristeza,
A morte,
A loucura…
Todos os meus pesadelos voltaram,
Os gritos não acabaram,
A dor continuou,
A esperança acabou.

Aquele sentimento que me falaste,
Não o vi mais…
Padeceu.

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