De todas as manhãs que percorri, hoje foi a que mais me custou. A chuva teimava em cair inóspita, o vento insolitamente gritava e os meus passos eram um completo ziguezague, no meio de toda esta euforia. O guarda-chuva dançava na minha mão e as minhas botas, por mais que tentassem escapar, iam sempre ao encontro das largas poças. A aurora, com a sua roupagem de agitação habitual, parecia um mero eco das minhas passadas, um deserto.
No meu pensamento desenhavam-se todos estes pormenores e uma vontade imensa de poder parar o tempo e consultar cada rosto, cada gesto, cada pessoa que por mim passava e que eu praticamente não notava. Porém, aquando da pausa das minhas pegadas, notei, com mais atenção, algo - e, com mais atenção, pretendo dizer que já as havia notado, contudo, só vendo e não observando -, as folhas. Um carreiro desconcertado de folhas encontrava-se no meu caminho, qual tapete de texturas, cores e sonidos. Provavelmente já por muitos passara nessa mesma manhã ou até noutras, mas, hoje as folhas eram diferentes, quer dizer, para mim, para o meu olhar, porque, hoje, as folhas levavam-me a olhar também para as árvores. E elas pareciam tão tristes. Tristes, humildes, engrunhidas. O Outono despia-lhes as folhas a pouco e pouco, e o vento suscitava-lhes calafrios constantes. As folhas lá balançavam delas em direcção ao chão, mostrando-se felizes, mas já saudosas, por se desembaraçarem delas... Tanto demoraram a nascer, tantas temperaturas passaram juntas e, agora, o frio vem estilhaçar todo este apego e este amor. A árvore sabe o que aí vem, um Inverno que nada mais lhe traz senão camadas de neve branca, chuva que se cristaliza ou raios de sol tímidos, e as folhas, fora aquelas que nunca mais saíram do chão, foram viajar por esse mundo fora, à boleia do vento.
No meu pensamento desenhavam-se todos estes pormenores e uma vontade imensa de poder parar o tempo e consultar cada rosto, cada gesto, cada pessoa que por mim passava e que eu praticamente não notava. Porém, aquando da pausa das minhas pegadas, notei, com mais atenção, algo - e, com mais atenção, pretendo dizer que já as havia notado, contudo, só vendo e não observando -, as folhas. Um carreiro desconcertado de folhas encontrava-se no meu caminho, qual tapete de texturas, cores e sonidos. Provavelmente já por muitos passara nessa mesma manhã ou até noutras, mas, hoje as folhas eram diferentes, quer dizer, para mim, para o meu olhar, porque, hoje, as folhas levavam-me a olhar também para as árvores. E elas pareciam tão tristes. Tristes, humildes, engrunhidas. O Outono despia-lhes as folhas a pouco e pouco, e o vento suscitava-lhes calafrios constantes. As folhas lá balançavam delas em direcção ao chão, mostrando-se felizes, mas já saudosas, por se desembaraçarem delas... Tanto demoraram a nascer, tantas temperaturas passaram juntas e, agora, o frio vem estilhaçar todo este apego e este amor. A árvore sabe o que aí vem, um Inverno que nada mais lhe traz senão camadas de neve branca, chuva que se cristaliza ou raios de sol tímidos, e as folhas, fora aquelas que nunca mais saíram do chão, foram viajar por esse mundo fora, à boleia do vento.
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