Dia dois de Novembro de 2014. O cÉU vestido de cinza denuncia as suas deteriorações emocionais; revela ao dia a sua frieza e indisposição e chora por entre intervalos de tempo. Apela à ajuda da chuva que bate às janelas por meio de gotas discretas ou enfurecidas. Afasta as nuvens que abrem frinchas de luz, iluminando e chamando a atenção no caminho das pessoas. O céu está doente. Vítima de oscilações de temperatura, demonstra a sua vulnerabilidade em ficar enfermo, com sintomas de febre alta que baixa a pique, resfriado, contínua pirexia. O céu já se vestiu de gala para a noite e para o dia, mas não se sentiu confortado... Adornou-se em tons de azul escuro e diamantes luminosos; dourados quentes e sedutores; brancos suaves e cautelosos; vermelhos vivos e animadores. Já partilhou com todos, alegrias contagiantes e tristezas devastadoras; já demonstrou a sua simpatia e a sua fúria duradouras.
Hoje o céu voltou a ficar triste, de cores neutras e melancólicas. Por meio de uma avidez incontrolável, vive a saudade de algo intocável. Querer algo que sabe que não irá ter; querer viver sem realmente saber como o fazer. O céu é bom, mas nem sempre alguém o nota... com corpo mas sem alma, preso a uma fantasia remota.
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