Foi a última vez. E
confesso que nunca uma última vez fora tão boa, de tal maneira, que
mais parecia que não ia acabar, que mais uma ocasião surgiria com o
propósito de superar. Mas nada do que é bom é real e constante,
pelo menos assim tenho aprendido, por isso é que fui muito idiota em
supor uma próxima. (Ia agora usar o cliché “o que é bom acaba
depressa” mas já toda a gente sabe). Quando algo está para findar, normalmente tudo entra em decadência, percebe-se. Desta vez não.
Havia tudo para dar certo, para correr minimamente bem... Mas foi a
última vez e nunca uma me havia sabido tão bem. Oh, sabes bem que
estou a falar de ti. Deste o ar da tua graça, vendaste-me os olhos e
lá aceitei eu jogar à cabra-cega, enquanto planeavas a tua
despedida. Que despedida? O teu desaparecimento.
Eu não quis, mas ao não
querer gostar acabei gostando mesmo. Até já as nuvens choram por
mim, desenhando um autêntico dilúvio. Lembro-me de ti a toda a
hora. O meu pensamento banha-se na tua presença, o que me incomoda
imenso, visto que o meu coração está cada vez mais gelado. A grade
que separa o amor do ódio é realmente ténue e a minha parece já
ter-se apagado de vez.
Juro-te que repetia uma
vez mais a última vez. Gostava mesmo de ti, com todos os teus
defeitos. Agora és das pessoas que mais dispenso e detesto.
Por mais que queira não
posso
Esperar. Dói de qualquer
maneira querer
Retribuir algo de que são incapazes
de te dar, enquanto
Ofereceste aquilo que
mais querias guardar.
Não me arrancaste só o
coração sem saber. Certas palavras só o silêncio é capaz de
dizer.
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