Não te escondas e abraça-me. Abraça-me por me quereres, abraça-me por sentires frio, abraça-me por sentires medo desse calafrio que sentes ao não me abraçar. E olha-me os olhos. Olha-me e lê a minha alma, sente os meus sentidos, ouve o meu silêncio. Porque quando estou contigo, pulsa mais rápido o meu sangue que um suspiro pelas torrentes das águas.
Muitas histórias que traças, traças apoderam-se do teu papel e devoram até muitos dos pensamentos que achavas irrevogáveis. E há medida que vais escrevendo, e depois lendo, percebes que mal nenhum teria se retocasses algumas arestas. Mas o que interessa alterar o passado, passado que é presente, presente que se tornou no agora? Para tudo há uma hora. Envolva felicidade ou tristeza. Há muito que não fica e há muito que se lembra; e, nessas palavras, encontro escarrapachado e escondido, o que fui, o que sou e o que virei a ser.
Deixou nada mais que silêncio. Também deixou uma nódoa que se esconde no Tempo. Ficou um sabor azedo ao relento e uma fadiga delinquente que por flagelo reaparece. Um resto dessa tinta por usar de um frasco remendado sem concisão que se esquece numa gaveta escangalhada. Espelhou reflexos neutros e amarguras sem se acusarem na exacta altura que se tornaram tão claras e cruas. Nó na garganta nó no estômago que silêncio ruidoso.