quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Ninguém vai gostar de ti de verdade... simplesmente porque não (Papel)

Ninguém vai gostar de ti de verdade...
simplesmente porque não.
Gostam porque convém,
porque dá jeito;
por prazeres momentâneos,
por felicidades abstractas e temporárias,
por alheios retratos contemporâneos.
É mais fácil,
dá menos trabalho.
Feliz talvez seria se fosse rocha.
Sem sentimentos,
pensamentos,
lamentos.
Rocha fria que é inquebrável,
porém, sou papel,
que se rasga,
amolece,
enruga.
Um papel incolor, inútil,
rabiscado e todo (a)machucado.

Ninguém vai gostar de ti de verdade... 
simplesmente porque não.
Mas fazem de conta.
Sorrisos, palavras, carinhos...
fingidos.
Acabas por dar uma oportunidade
porque "desta vez pode ser diferente",
mas esqueces-te que o papel és tu
e tu és o mesmo.
E eu sou papel.
Frágil e leve
que acaba sempre nas mãos erradas.
Já me deixei levar pelo vento,
como papel voador,
mas o vento é voraz
e eu não tenho sorte.
Um papel pensador, incapaz, triste.
Já viste algum papel que chora?

Ninguém vai gostar de ti de verdade...
simplesmente porque não.
Papel não ama,
papel não tem coração.
Papel arde com a chama,
papel dissolve em inundação.
E as lágrimas são uma tempestade de emoção.



Porto


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