Ela sorria tanto. Ria com tudo. Os olhos brilhavam humildemente sem hesitar. A sua pele tinha uma lividez facilmente sentida à distância. Os cabelos dominavam o vento numa dança contemporânea. A voz era docemente trémula. Ela cheirava a Primavera. Admiradora do céu em todas as fases, de todas as cores, maneiras e formas. O seu calor tocava a todos. A sua simplicidade humilhava a extravagância. Alma festeira, bola de espelhos omnifulgente. Miragem. Coragem. Força. Alegria. Esperança. Fantasia. Música vibrante. Corpo dançante. Bondade cintilante. Era ela.
Mas o tempo rebobinava e avançava sem cessar. Ela ficava sozinha. O sorriso desvanecido em nevoeiro. O olhar cristalizado e triste. A pele áspera e irritada. Os cabelos encarapinhados, embaraçados e chateados. A voz fraca resfriada. Inodora. Amnésia parcial. Enregelada. Incolor. Alma fugitiva. Desaparecida. Cobarde. Fraca. Infeliz. Desesperança. Ilusão. Mudez. Invalidez. Arrogância. Onde foi ela?
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