sábado, 18 de abril de 2015

Claustro

Nunca pedi para fazer parte da tua clausura,
mas é cada manhã mais dura
Clérigos - Porto
sempre que acordo sem a visão de ti.
Sentindo, ainda assim, que contigo dormi.

A cada raio de sol que rasga a manhã
esqueço quando terei sido sã,
se de mim nada sei
para além de que não errei.

Continuo com a visão dessa porta fechada
que me deixa claustrofóbica de nada,
quando em ti depositava tudo
e de ti vinha um desdém agudo.

Por mais claro que até seja o dia,
vejo a nuvem negra que adia
qualquer alívio que expirava
e que abruptamente se evaporava.

Os tantos dias lacrimejantes tento esquecer,
todavia, o medo acaba por aparecer.
E esse portão apenas não volta a fechar,
porque só entreaberto é que sou capaz de respirar.


Sem comentários:

Enviar um comentário